Chegou o momento de falar sobre a principal premiação da área de arquitetura, o Prêmio Pritzker 2021. Como é de costume, dedicamos um episódio inteiro para conversar, conhecer e refletir sobre os ganhadores, sobre o conjunto de sua obra e sobre a justificativa do júri. E abordamos a conversa através de uma visão sempre ampliada, ponderando também sobre a história da premiação e as possíveis agendas por trás de um conjunto, nem sempre coeso, dos antigos laureados. Quem nos ajuda nessa enriquecedora empreitada são os arquitetos Bruno Sarmento e Caio Dias.
Os premiados de 2021 são os franceses Anne Lacaton e Jean-Philippe Vassal, da Lacaton e Vassal. Josep Maria Montaner, crítico de arquitetura, descreve o trabalho da dupla como uma continuidade do racionalismo e princípios modernistas, já que permanecem fiéis aos aspectos sociais da modernidade pela sua posição ética e radical. Nas palavras do júri do Prêmio Pritzker, os arquitetos refletem o espírito democrático da arquitetura.
A premissa sociológica talvez seja a característica mais marcante do escritório, pois é dela que partem decisões iniciais definidoras de seus projetos. A observação profunda das dinâmicas existentes no contexto de cada projeto, contemplando as diversas dimensões de interação possíveis, como as culturais, econômicas, espaciais e materiais, é que permite aos arquitetos tomar partido pela não demolição, pela não construção, pelo reaproveitamento e pela abordagem cirúrgica no escopo de suas intervenções.
E justamente esse diferencial de sua obra, que faz da finalidade social e ambiental parâmetro fundamental e primeiro, em detrimento, inclusive, de intenções plásticas e estéticas, que se destoa dos demais laureados pela premiação, em anos anteriores.
Apesar do prêmio não ter por intenção a indicação de tendências, é razoável imaginarmos que há alguma mensagem por trás de seus resultados. Ainda mais ao pensarmos que, historicamente, o Pritzker é associado a valorização da arquitetura enquanto uma arte e que, por esse motivo, precisava de uma premiação que trouxesse a mesma visibilidade encontrada nos eventos de celebração dos demais segmentos artísticos, como as artes plásticas.
Uma arquitetura que, como nos relata Bruno Sarmento, é mais difícil de ser consumida enquanto imagem, precisa ser explorada sem superficialismos e sem preconceitos. E é um pouco esse exercício que fazemos nesse papo informal, mas bastante elucidativo.
Para saber mais a composição do júri, os bastidores da escolha e dos procedimentos de decisão, além de conhecer mais sobre essa abordagem tão peculiar, nos acompanhe neste episódio! Bom proveito e até a próxima!
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